• Notas da história

    Sobre memórias e papéis amassados

    Por Manoel Fernandes Neto | O que eu tenho são as minhas memórias, nada mais do que isso. 60 anos para eu vasculhar em todos os seus cantos, em seus escaninhos, prateleiras, embaixo dos panos, em vãos de escadas, dentro de panelas ou naqueles quartos que ainda estão fechados. Estou sempre a procurar algum ato, detalhe, palavra, atalhos que passaram despercebidos, alguma coisa que eu nunca mais falei; esquecimentos — momentâneos ou definitivos.

  • Notas da história

    Lembranças do Dia do Radialista

    Sou informado, pela manhã, que hoje é Dia do Radialista. Memórias fluem. Formação, turma de jovens sonhadores, uma sala repleta de vozeirões, um curso tradicional em Santos. O tão sonhado registro profissional (foto) que, naquela época, era obrigatório para o exercício da função. Era o último ano na faculdade de jornalismo.   Em seguida, os primeiros estúdios, o cheiro de móveis novos e de equipamentos eletrônicos; o microfone que ampliava a voz do retorno no fone de ouvido. Programas gravados e ao vivo, entradas externas — muitas vezes feitas do orelhão —, temas diversos: cobertura de eleições, notícias de bairro, “vai pra geral”, plantões em distritos policiais.   Veio também…

  • Cartas à Manu

    Cartas à Manu: O místico e o laico diante da jornada

    Manoel Fernandes Neto Querida Manu Temos acompanhado cada passo seu no mundo. Emoção pura. Cidades, pessoas, paisagens. Do que é feito o novo? Segundo tenho aprendido contigo, o novo é feito por partículas diversas. Podem ser estrangeiros com quem dividimos o quarto do hostel, pode ser a xará que nos aponta os melhores passos na trilha ou aquele lugar ermo que nos faz sentir que algo divino se espalha por lugares impensados. No meu recente livro, escrevi sobre o medo da morte e sobre a brevidade da vida. Da impermanência como o estado natural da nossa caminhada. Quais os instantes que mais admiramos? Aqueles que estamos felizes, emanando vida e…

  • Livros do autor

    Livro: Enquanto estivermos sobre a terra

    “ENQUANTO ESTIVERMOS SOBRE A TERRA” fala sobre medos, fobias e ansiedades através de reflexões de um homem que acaba de fazer 60 anos. Jornalista e escritor, ele conta sobre suas covardias em períodos de sua vida: infância, militância, universidade, trabalho, família e convívio social. Em detalhes todas essas sensações são elencadas nas vivências trazidas pelo personagem, às vezes com ironia, às vezes como alegrias, tragédias e dramas, inseridos em sua visão de mundo. Para o protagonista de “ENQUANTO ESTIVERMOS SOBRE A TERRA” é importante compreender o significado da morte, os perigos presentes nos ambientes diários, o sentimento de finitude, as perdas da idade, o luto constante ou a frágil existência. Os grandes acontecimentos…

  • Notas da história

    Sobre o Tempo e Velhos Papéis

    São Paulo, 19 de junho de 1994 IRMÃ MEIRE, Remexo papéis velhos e me ocorre narrar-te os amarelados pelo tempo e com rasuras da alma. São poemas e anotações. Textos e colisões. Pedaços de tempo esquecidos em guardanapos e naquele papel com borda laminada que vinha dentro do maço de Hollywood. Alguns cigarros eram feitos nesse papel. Às vezes não fumávamos e escrevíamos poemas neles. A minha geração não ficou muito longe daquela rebeldia escrita em livros de história: sexo, drogas e rock’n’roll. Quando ouço a Manuela chorar — com poucos meses — percebo como crescemos e nos agitamos por todos os lugares. Nem de motivos precisamos. Queremos o que…

  • Notas da história

    Filho no intercâmbio: a maior de nossas conquistas.

    Por Manoel Fernandes Neto, jornalista. Publicado originalmente no site da Trip Intercâmbios Sou um “pai coruja” e minha filha ficou quase 3 anos fora do país. Pensa nisso! Em nenhum momento, tive dúvidas de que era assim que tinha que ser. Como eu poderia restringir os sonhos de alguém, uma jovem principalmente, por causa dos meus medos e inseguranças? Aquilo que pode ou não acontecer, onde ela poderá estar, quem ela vai ouvir ou não. Essas questões têm muito a ver com o invisível que criamos ao nosso redor, formado por nossos pensamentos, nem sempre saudáveis. Longe de ser um guru de serenidade, pelo contrário, tenho cuidados de qualquer pai: não dormia enquanto ela…

  • Mundo pop

    Um “feliz aniversário” Sci-fi.

    Hoje, faço 60 anos. Logo cedo, informei isso ao ChatGPT, a nova sensação de inteligência artificial. A resposta foi essa: “ Parabéns pelo seu aniversário! Que este dia especial seja cheio de alegria, amor e felicidade. Desejo-lhe tudo de melhor e que você possa desfrutar da companhia de seus amigos e familiares queridos neste dia tão especial. Que este novo ano de vida seja repleto de novas oportunidades, conquistas e momentos inesquecíveis. Feliz aniversário!” Fiz questão de fazer isso porque me sinto feliz de continuar vivendo um tempo de descobertas e avanços. Nos anos 1990, quando tudo isso começou, falavam sobre a revolução não televisionada e já existiam algumas experiências…

  • Artigos espíritas

    Espiritismo e Inteligência Artificial: conversei com o ChatGPT

    Por Manoel Fernandes Neto Imagem de Gerd Altmann por Pixabay Foto meramente ilustrativa.  Inteligência artificial (IA) é o assunto da pauta desde o final de novembro do ano passado, com o lançamento do ChatGPT, um chatbot desenvolvido pela empresa OpenAI. Ele promete mudar a sociedade em diversos aspectos, profissionais e sociais, considerando que ele ainda está numa fase inicial. A surpresa com o ChatGPT é que ele é de uma classe de inteligência artificial generativa, que cria novos conteúdos e processa informações quanto mais ele é usado. O impacto da ferramenta foi potencializado porque pela primeira vez uma ferramenta de inteligência artificial foi colocada à disposição do público de forma amigável e isso gerou diversos…

  • Artigos espíritas

    O assédio da extrema direita na ambiência das casas espírita

    Por Manoel Fernandes Neto Usar a religião como forma de manipulação é uma das características dos regimes totalitários, como o fascismo Um amigo do interior de São Paulo queixou-se de que foi obrigado a sair do grupo mediúnico e da casa dos quais participava. O assédio eleitoral em nome da “família, pátria e Deus acima de tudo” tornou sua situação insustentável. Médium de grande valor, em determinado momento foi acusado de obsessão por não concordar com o que era colocado, exposto pelo WhatsApp e presencialmente. Contou-me, resignado, que a sua saúde mental estava comprometida. Saiu para não voltar mais. São muitos os casos parecidos. Grupos de trabalho presencial e online…

  • Mundo pop

    Série da Netflix faz uma ode à cultura gastronômica

    Manoel Fernandes Neto Para os amantes da boa cozinha, uma série coreana do Netflix que vai aquecer corações (e estômagos) nessa véspera de inverno. Não, não é nenhum show de k-pop ou um dorama, mas algo que desperta em você memórias gustativas arrebatadoras. “Coreia: o país da sopa” é uma jornada saborosa pela cultura de um país onde o caldo é patrimônio nacional.