• Notas da história

    Os 14 anos da menina lua

    Aficionada pela lua, de domingo para segunda foi uma noite especial para ela. Alertou-me desde cedo sobre o eclipse. Esperei acordado o quanto o sono permitiu. Fiquei do lado dela nesse evento especial; ela garantiu que um novo só daqui a vários anos. Não importa, o que interessou mesmo foi participar daquele “momento mágico”, como me sugeriu Cris, a mãe. Quando ela retornou a esse mundo, eu já era “de lua”, como se diz. Humor inconstante, tolerância zero com determinadas situações. Ela chegou em 17 de maio de 2008, surpreendendo a todos. Renascimento, porque tudo aparentemente já estava feito. Família, valores, convicções. Todos nós nos reinventamos quando ela surgiu como…

  • Notas da história

    Enredos em aberto

    Sempre tenho um sobressalto quando abro minhas caixas de memórias espalhadas pelos cantos, nos pés das estantes. Nos resgates de notas e vivências, estímulos para a emoção se exercitar em um par de lágrimas. O jornal em questão foi do dia 2 de maio de 1994, uma segunda-feira após a morte de Ayrton Senna, em um dos domingos a 300 km por hora, inesquecíveis para quem viveu. Mais que isso, minha filha Manuela tinha acabado de nascer na sexta anterior, 29 de abril. Tivemos um fim de semana bem triste e desalentador no hospital Santa Catarina, na capital paulista. E de uma felicidade única com a chegada da primeira filha.…

  • Artigos espíritas

    O Espiritismo e a legítima luta por um mundo melhor

    Por Manoel Fernandes Neto Em conjectura para o jornal New York Times, em 1940, o físico Albert Einstein colocou de uma forma muito transparente a importância da busca de cada ser. “Está aberta a qualquer homem a possibilidade de escolher a direção da sua luta, cada um pode se consolar com a bela máxima que diz que a procura da verdade é mais preciosa que a posse desta.” (1) O entendimento do ser como espírito encarnado deve ser conquistado na interação com o mundo em que vivemos, bem como no estudo de toda a obra espírita, rica e profunda para a compreensão das coisas da terra e do “além-túmulo”, termo…

  • Notas da história

    Fragmentos da jornada

    Neste dia, saímos para cortar o cabelo; eu tinha em torno dos 8 ou 9 anos, anos 1970. Sempre íamos juntos. Ele cortava, depois eu, com ele logo atrás orientando o barbeiro. Morávamos naquela casa lá no fundo, a varanda que aparece na foto. A bicicleta com certeza ganhou espaço na nossa história. Ele sempre teve bicicleta, esportivamente quando solteiro e depois para se locomover quando era possível. Eu estava sempre junto, naquela posição. O chamavam de Manecão. Eu, o Manequinho. Fizemos história juntos. Também trabalhamos juntos em vários projetos que ele implantou como mestre de obras. Fizemos história, conversando, rindo muito da vida e das situações, que são inúmeras…

  • Notas da história

    Silenciar e estar presente

    Vivemos em um tempo em que o silêncio é necessário. O silêncio ativo deve dominar seu caminhar, trazer quietude e luz para cada ação. Redes sociais, Whatsapp, e-mail, ligações, todos buscam uma palavra a mais para expressar. É bem fácil conhecer algo de uma pessoa, penso; basta olhar o feed de suas redes sociais, o que ela pensa, o que ela é, o que ela gosta, a feição que ela escolheu para ser pública. Por isso penso no silêncio a cada postagem. Estar no mundo, tem sua própria dinâmica. Deve ser uma arte. Mas de onde você quer ser? Quais os rastros que você quer deixar? (MFN) (foto: unsplash Evgeni…

  • Notas da história

    “Eu sou um Espírito”

    A placa “Eu sou um Espírito” animou durante vários anos as turmas que monitorei do curso preparatório sobre a Doutrina dos Espíritos. Por Manoel Fernandes Neto No primeiro dia de aula de cada turma, os alunos seguravam a placa individualmente, repetiam a frase e diziam o nome e o porque queriam aprender sobre a doutrina codificada por Kardec. O momento era de integração mas também de descontração. Saber de antemão que você é um espírito, que está em um corpo, recipiente de experimentações, sempre me pareceu o que de mais importante podemos saber para o “início dos trabalhos”, como falamos hoje em algumas situações. Os espíritos são os seres inteligentes…

  • Notas da história

    Um depoimento: meu encontro com O Livro dos Espíritos

    Texto publicado na Revista Harmonia, no especial sobre “O Livro dos Espíritos” O livro sempre esteve na estante, por muitos anos. O vi várias vezes nas mãos da Cris Cirne, ora em leituras, ora nos momentos de oração. Recebia meu respeito de sempre por credos, crenças, costumes e religiões. Em outras ocasiões, o encontrava sobre mesas, penteadeiras, suportes de cabeceira, em vários locais da casa, como se fosse muitos, mas era um. A capa já antiga: um céu interconectado por folhagens: “Allan Kardec” escrito na parte superior; “O livro dos Espíritos” centralizado verticalmente. Aqui começa uma história, uma em milhões nesses 164 anos: a minha. Criado no catolicismo, ainda menino,…

  • Notas da história

    A história de uma imagem da exposição de Penna Prearo.

    Estou em uma exposição do fotógrafo Penna Prearo. Sim, exposto em uma imagem. Na parede, imortalizado na minha juventude. A exposição traz uma ‘retrô-perspectiva’ de quase 50 anos de trabalho do profissional, sempre inquieto e inventivo. Minha relação com Penna veio de uma época em que eu trabalhava no departamento de comunicação de uma grande empresa, em São Paulo. Uma época rica em amizades com diversos profissionais: jornalistas, fotógrafos, diagramadores, revisores. Profissionais de mercado, de grandes jornais e revistas, que faziam também publicações institucionais de empresas com a mesma qualidade. E nós nos cruzamos. Do relacionamento profissional veio a convivência fraterna, visitas trocadas nas nossas casas; Cris, eu e Manuela…

  • Contos 2020

    Mãos decepadas

    [CONTO] Sua afinidade pelos outros não é assim tão aceitável, mas procura ser uma pessoa gentil. Um esforço, com certeza. Por Manoel Fernandes Neto Talvez seja mesmo falta de empatia o seu desinteresse por todos ao redor, mesmo em um lugar que fala tanto em amor; mas ele não se importa com os problemas alheios. De ninguém. “Cada um com seus,” pensa, impiedoso. Nem mesmo para a sua família ele oferece alguma trégua; pudera, deixou de conviver há muito tempo com todos. Sem pai nem mãe, desde muito jovem e, mesmo com aquela irmã mais velha da qual era bem próximo, hoje só a encontra em dias santos ou nem tanto.…